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domingo, 25 de novembro de 2012

A mentira é, muitas vezes, uma estratégia de sobrevivência.

Se alguém disser que nunca mentiu está literalmente mentindo.
A mentira é tão importante quanto a verdade, claro que em determinadas situações.
Assistindo a um seriado de televisão, "A Grande Família", cujo episódio envolvia a mentira, o personagem Lineu convenceu a todos nunca mais mentirem, senão ele não perdoaria a falha que todos cometeram fingindo que tinham lembrado do seu aniversário um dia depois, com uma festa "surpresa". Foi um caos total. O personagem Augustinho, candidato a vereador, não pode discursar fazendo as promessas que todo político faz para não cumprir; o personagem Carlão, foi pego traindo a namorada e teve que confessar que realmente era um pegador, e aí a namorada terminou o relacionamento; o Tuco, personagem filho de Lineu, não pode mais representar o seu personagem  "um gay" na televisão, e perdeu o emprego; Beiçola, o dono da pastelaria, teve que confessar que o pastel era dormido e perdeu clientes; a Bebel, esposa de Augustinho, resolveu desabafar todas as verdades guardadas. Até que, o próprio Lineu, foi lembrado que teve que mentir para conquistar o amor da esposa, Nenê, na época em que se conheceram, que de outra forma não estaria casado com ela. Aí, a promessa de só falar a verdade foi desfeita, porque ele chegou a conclusão que para o mundo seguir em frente seria necessário uma mentirinha de vez em quando.
Muitas desavenças poderiam ser evitadas se uma mentirinha fosse usada naquele momento. Os homens costumam esconder suas "puladas de cercas" a fim de manter o seu casamento, que muitas vezes vale mais que o deslize cometido num momento de "fraqueza". No dia a dia nos deparamos com situações que nos obrigam a mentir, porque ser sincero nem sempre agrada. No relacionamento social estamos sempre usando máscaras, com beijinhos falsos, um "você está ótima", porque sabemos que isto vai ajudar mais que falar a verdade. Os anúncios midiáticos fazem sucesso porque sabem que as pessoas gostam de se enganar. Nem todo mundo está preparado para ouvir um diagnóstico médico fatal. A vida em si é uma grande ilusão, mas, para continuarmos vivendo, dizemos para nós mesmos que as coisas vão melhorar, pois se refletirmos bem, veremos que na vida tudo tende a piorar e a morte é certa. Ninguém agrada a ninguém só falando a verdade, ou só mostrando o seu lado negativo. O filósofo francês Gilles Deleuze, disse numa entrevista : "se você estiver apaixonado por alguém fique na superfície, porque quando vamos fundo a paixão acaba".
Mas, uma mentira pode também levar uma nação à guerra, como foi o caso da falsa bomba atômica escondida no Iraque e que levou os Estados Unidos a derrubar o governo Iraquiano.
Há mentiras que mais prejudicam que ajudam. O ex presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, até hoje é lembrado pela mentira que tentou pregar no caso da estagiária.
Porém, conviver com a mentira é mais fácil que encarar o desafio de conviver com certas verdades. Quando a mentira tem o intuito de harmonizar ela é benéfica, mas quanto ela é usada para prejudicar o outro, e em benefício próprio, ela é abominável.

sábado, 10 de novembro de 2012

Diálogo nostálgico no Sebo

    Conto  - Darcy Brito                                                                                
                                                                                                                                       

- Amigo livro, como foi que você veio parar aqui?
- A mesma pergunta eu lhe faço, companheiro.
- Eu, pra lhe falar a verdade,vim num pacote do espólio de uma viúva  que havia se mudado para uma casa menor. Ela estava em dúvida se levaria os livros, que pertenceu ao falecido marido, ou sua coleção de porcelana inglesa. Levando os livros ela teria que levar também a estante, que era maior que a peça que guardava as porcelanas. Ganhou a porcelana. Fiquei triste porque tive que me separar dos companheiros de muitos anos, sem falar da falta que senti do meu velho dono. Ele tinha o maior orgulho da sua biblioteca que ele chamava de "meu tesouro". Eu, por exemplo, era muito bem tratado por ele, "História da Civilização Grega", ele falava todo garboso acariciando minha capa dura. Fui emprestado algumas vezes para amigos dele, gente muito fina que sabe o valor de um livro. Tive sorte de parar aqui neste sebo que tem muitos livros raros. Mas não é como estar numa biblioteca bem acondicionada, sempre arrumadinha, com meus vizinhos coladinhos a mim cheirando a poeira caseira. Aqui, todo mundo que entra vai logo tapando o nariz, achando que somos sujos. Resta o consolo  e esperança de um dia ser levado para uma estante particular de valor.
- Sei não companheiro. Já ouviu falar no tal Tablet? Do tal Ebook? É a morte do livro, companheiro.
- Não acredito nisso. Não existe nada mais portátil que o livro. Quem gosta de ler nos carrega debaixo do braço. Abrir numa determinada página de um livro é mais rápido que baixar na internet.
- Mas baixar na internet é mais barato. 
- Mas não tem o charme do livro escolhido na estante real.
- Não se iluda, amigo, os tempos são outros. Eu passei por vários lugares antes de chegar aqui. Até no quarto de empregada eu estive. Se você puder reparar na minha capa vai encontrar um desenho de um coração espetado, escrito Toninho, e com tinta de caneta esferográfica vagabunda que uma delas usava. Eu, um Dom Casmurro, imagine você se eu fosse um livro de matemática. Este nem existe mais nas escolas, que só trabalham com módulos.
- De qualquer forma você teve mais sorte que eu. Um Machado de Assis sai mais rápido que um livro de História. Eu vi quando um cliente lhe pegou  e disse que iria voltar para comprá-lo e que estava baratinho.. Pobre de mim, História da Civilização Grega com capa dura. O Google é meu maior concorrente.  
- Você foi vendido ou doado, companheiro? 
- Vim num pacote com vários livros de valor que foi vendido a um intermediário que tem ligação com donos de Sebos. Nem sei onde foram parar os outros. 
- Mas você tem um passado bonito. Tenho certeza que alguém vai lhe descobrir quando souber quem foi o seu dono. Gente importante?
- Acho que sim. Ele recebia muita gente da política. Agora só me resta ser relíquia, porque me lê, que é bom, sentir as mãos do leitor nas minhas páginas envelhecidas, acho que não terei mais este prazer.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Os Opostos


A máxima de que os opostos se atraem só funciona de verdade no que diz respeito ao magnetismo polar, poder de atração dos magnetos (ímãs). Mas, em se tratando das relações entre humanos, acredito que esta máxima não se aplica como costuma afirmar alguns.

Há alguma naturalidade na sociabilidade? Somos feitos para conviver, partilhar palavras, espaços, corpos? Enfim, precisamos do Outro? Ou somos alterfóbicos por natureza, como diz o Doutor Flávio Paranhos, médico e Mestre em Filosofia, no artigo “Nós” versus “eles”, na revista Filosofia ciência & vida, em sua coluna sobre Cinema. Neste artigo ele diz que os humanos dividem o mundo em “nós” e “eles”. O que concordo.
Acho que os interesses pessoais falam mais alto. As crianças costumam se identificar facilmente com outras devido aos tipos de brincadeiras que são universalmente parecidas. Nenhum adulto escolhe, por livre e espontânea vontade, conviver com outro de interesses totalmente diferentes dos seus, a menos que haja uma vantagem embutida. Podemos constatar isso na política, através dos partidos; na religião, que tanto conflito traz para alguns países, nas torcidas por determinados times de futebol, nas classes sociais e raciais, (não podemos esquecer do fascismo de consequência catastrófica), e até mesmo no casamento, que geralmente se busca a tal outra banda da laranja, muito difícil de encontrar porque cada um de nós tem suas peculiaridades. Inicialmente tudo é beleza, mas, com o tempo, aflora-se o que não dá mais pra segurar e aí começa o Nós X Eles. Mas não temos culpa, todo esse individualismo tem raízes na evolução dos seres animais, é só olhar para nossos antepassados símios chimpanzés, que se houver necessidade de um equilíbrio socioeconômico ele mata o outro, até do seu próprio grupo.   É uma questão de sobrevivência. Mas nós humanos, que fomos dotados de consciência, que nos fez seres morais, temos que aprender a conviver em grupo da melhor forma possível, além de, ao mesmo tempo, controlar os instintos primitivos que geram reações muitas vezes perigosas. Saber em quem confiar ou desconfiar é uma capacidade quase inconsciente e necessária. Existe inicialmente uma aversão por quem não é do grupo, da turma, da mesma religião, etc., mais ou menos severa, mas acho que o ser humano está no mundo para tornar a natureza viável, mais harmônica e diminuir essa guerra de uns contra outros, respeitar os opostos, afinal tudo no cosmo é composto de opostos.  

Viver-junto: talvez somente para enfrentar, juntos, a tristeza do anoitecer. Sermos estrangeiros é inevitável, necessário, exceto quando a noite cai. (Roland Barthes).


Mulheres que atravessaram o século

Fazendo parte desta Coletânea  Por detrás de uma grande conquista existe uma grande história. Ao me deparar com uma foto da minha primeira C...