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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Poema da espera





















Oh, flores de acácias amarelas!
Teus botões não abram ainda
Pairam  sobre vós nuvens carregadas
E no chão não vos quero molhadas
Amanhã, quem sabe, a luz se espalha?
E no brilhante verde das folhas
Da janela  irei contemplá-las.
















sexta-feira, 25 de julho de 2014

Conversa em outra dimensão. Miniconto

Mais uma da minha insônia produtiva:  O encontro dos 3 que foram para outra dimensão, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna e Rubem Alves, surgindo daí uma boa conversa.

João Ubaldo Ribeiro, todo risonho, foi ao encontro de Suassuna, saudando o amigo.

- Cheguei antes de você, amigo, seja bem-vindo!
- Bem vindo nada, seu debochado, eu gostava muito da vida lá embaixo, fiz de tudo para resistir, mas a idade é uma imposição.
- Pois é, e eu fui pego de surpresa! Nem vi a publicação do meu último artigo na minha coluna no jornal.

Suassuna:

- Eu li, estava ótima. Aquele assunto do papel higiênico está engraçado. Eu também fico pensando... quer dizer, ficava, em qual seria a melhor posição, se a ponta voltada para trás ou para frente no porta papel. O pessoal está sentindo falta do seu humor. E agora?
- Agora estou acima do bem e do mal. Assistindo de camarote. Me divirto sem precisar escrever nada. Vem aqui, olhe lá embaixo como é engraçado nosso povo brasileiro! Venha ver a dentuça fazendo promessas mentirosas de campanha eleitoral, remando e olhando de um lado para o outro, atacando o adversário. Daqui posso ver que ela é mais engraçada que a imitação humorística. Eu sempre digo: pior é que “O sujeito vai lá, tapa o nariz e vota”
- Ela está lendo ou improvisando?
- Se improvisar não conclui o raciocínio- disse Ubaldo rindo com seu deboche.
- Ah! Sei quem falou isso, foi o Fernando Henrique, que você chamava de sociólogo medíocre.

Rubem Alves, que estava doido para entrar na conversa se aproximou:

- Nada de falar de política aqui em cima. Afinal, ela foi ao seu velório, mestre Suassuna.
- Claro, estratégia política! Falou Ubaldo com seu vozeirão.
- Olá, amigo Rubem, você também chegou antes de mim. Os dois mais novos deveriam perder a corrida para mim que tinha 87. Você com 80 e, Ubaldo, uma criança com 73. Que injustiça! Vocês ainda tinham muito que contribuir com nossa literatura, hoje tão carente.
- Pois é amigo Suassuna, coisa da vida. Nosso grande adversário mesmo é o nosso corpo. A cabeça quer mandar mas o corpo não obedece. Eu disse certa vez que “A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente”.
- Verdade, nem vi o tempo passar. Tinha razão o Mário Quintana em sua poesia: “De repente passaram-se seis dias, de repente passaram-se sessenta anos, e aí não dá mais tempo... Eu fui vítima de um tal AVC, disseram os médicos. Mas acho que o nome certo é velhice mesmo. Depois dos 85 a causa mortis é essa, VE-LHI-CE. Não acha Ubaldo? Você está aí rindo doido pra dá uma pitoca.
Estou rindo lembrando que você chamava a morte de Caetana. Em dezembro de 2013 você falou que se Caetana pensasse em lhe levar ia ter muito trabalho, que se viesse com essa besteirinha de infarto e aneurisma cerebral você tiraria de letra.
Rindo, Ariano falou:
-E dei trabalho mesmo. Pensando bem, ganhamos pra ela, que vai continuar morta e nós imortais. "Só o tempo determina se o que foi escrito fica". Eu que não troquei o meu OXENTE por OK de ninguém.



Nota: as frases aspadas pertencem aos próprios personagens reais.

sábado, 19 de julho de 2014

Insônia produtiva


Há quem se queixe das noites de insônias que vez por outra nos acomete, e, segundo os médicos, ela pode causar prejuízos ao raciocínio e concentração. No meu caso não posso dizer o mesmo. É na insônia que produzo intelectualmente mais.Só acho ruim quando o sono chega pesado lá para as cinco da manhã e eu esqueço o que tinha pensado. Mas, a depender da situação, varo a noite, porque na insônia qualquer travesseiro macio vira tijolo e minha imaginação é notívaga. Crio textos, personagens, poemas, frases, ou planejo algo. E assim, de olhos no teto, amanheço e vou para o computador fazer valer o que me manteve acesa.  Quando é um poema curto dá para dormir depois, mas nem sempre é assim. Vai depender dos processos mentais em que um assunto puxa o outro. Se já existe uma história em andamento a coisa pega e até parece que entidades baixam, vindas não sei de onde, querendo mudar o enredo. Outras vezes surge uma história nova, disparada por uma lembrança ou observação que fiz em relação a algo. Esta noite, por exemplo, sem mais nem menos, me veio a lembrança de Patu. Uma senhora que tinha uma quitanda no bairro onde morei desde a infância. Só havia esse estabelecimento, na esquina de casa, num pequeno terreno da prefeitura, que vendia temperos, coco, azeite de dendê etc. Todos do bairro costumavam comprar na quitanda de Patu uma vez que  na época, não havia supermercados nem grandes armazéns.
 Mas, por que lembrei de Patu? Simplesmente porque estava refletindo sobre essa discriminação social de hoje, assistindo a um programa de televisão. Foi o suficiente para que retornasse à minha infância e perceber, com o olhar de hoje, que naquela época as classes sociais conviviam harmoniosamente uns com os outros fosse qual fosse o bairro. Se o bairro era de classe média ou alta não importava, pois sempre tinha na esquina não só uma quitanda, mas também o alfaiate que morava no beco mais adiante, a costureira, o sapateiro, que prestavam os mais valiosos serviços, antes das mercadorias descartáveis de hoje. Eram pessoas que muitas vezes encontrávamos em ponto de ônibus e batíamos um bom papo enquanto esperávamos a chegada do motorista do ônibus que foi beber uma água, às vezes em casa de uma moradora. Sim, porque não havia esses prédios de apartamentos altos nem condomínios fechados, Eram casas sem muros.
Me diverti na insônia lembrando de Patu, relembrando a cena quando minha mãe me pedia para comprar uns tomates que estavam faltando ou outro tempero qualquer . Patu não pesava nada, só perguntava “quantos quer mia fia”? E o preço dependia do dia, ou se ela achava que o freguês podia pagar mais, ou menos. O lugar não era dos mais limpos dada as condições do estabelecimento. Muitas vezes ela aparecia na porta lavando um penico, numa torneira em frente à quitanda, e dizia: já, já lhe atendo. Ela tomava umas pingas, vez por outra, e, certa feita por conta disso, fez xixi em pé meio grogue perto de mim e o respingo caiu no meu sapato na porta da quitanda. Mas ninguém se importava com isso e até a convidavam para os aniversários das crianças. Lembro que fui a um caruru, onde ela foi convidada, e lá dançou e cantou uma música de Cosme e Damião. Na insônia até lembrei a letra: “Onde vai dois,dois eu vou lavar, lá no poço um, lá no areiá”. E todos caíam na dança. Nessa minha insônia divaguei por todo o bairro e, lembrei-me que a maioria dos prestadores de serviços tinha apelido. Ou melhor, nem sabíamos direito o nome deles. Além de Patu, tinha \Orelhinha o cabeleireiro masculino; dona Fiúta do cuscuz, muito risonha apesar de não ter os dois dentes da frente;  Dadinha costureira, mas que só fazia consertos; Jaime Feião, que chamávamos para encerar a casa com cera parquetina. A casa dele era conhecida como a casa dos feiões. Mas as irmãs deles eram funcionárias públicas. Em meio a todos eles tínhamos vizinhos de várias classes sociais, advogados, engenheiros, professoras, médicos, que, claro não faziam a menor discriminação. Ninguém tinha medo do mais humilde, fosse ele branco ou negro eram, a  princípio, cidadãos. Pronto, já escrevi.Espero que tenham se divertido com minha insônia. 

terça-feira, 15 de julho de 2014

A Vida é uma bola

No futebol da vida
Não há a melhor posição 
Somos atacante e goleiro
De olho na marcação 
E  na falta do zagueiro
Somos o time inteiro

Acordando


Enquanto a tal senhora não vem
Vou anoitecendo e amanhecendo 
Encurtando o encontro 
Na ilusão que a cada passo 
Das forças opostas
O dela recua

domingo, 13 de julho de 2014

Estão reclamando de quê?


O Brasil ficou entre os quatro melhores do mundo jogando mal. Imaginem a frustração dos que jogaram melhor e foram eliminados no começo da Copa. O México, por exemplo, com aquele goleiro excelente; a Espanha campeã mundial, só pra falar de alguns. O futebol é o mais ilógico dos esportes, mas, infelizmente, a lógica aconteceu, no caso do Brasil. A seleção de garotos do Felipão não tinha condições de ganhar essa Copa. Ele fez o que pode com essa creche inexperiente. A decepção fica por conta da expectativa que se criou em busca do hexa. A pressão foi grande, piorando com a contusão do seu craque Neymar. O problema é que apelidaram o Brasil de país do futebol e uma derrota dessas cai como uma tragédia. Mas, a verdade é que o futebol é surpreendente, daí toda essa paixão mundial por esse esporte. A seleção brasileira não é nem a melhor nem a pior do mundo. Ela está, nesse momento, a desejar. Essa mesma seleção poderá se erguer com um trabalho mais eficiente, apesar do trauma.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Oração a São Google
















Google nosso que estais nas nuvens
Bendito seja o seu silício
Não deixeis cair as ligações
Das buscas nossas de cada dia
Venha a nós o vosso face-book 
E perdoais as falsas curtições
Assim como perdoamos os que não nos curtem
Não permitas que caiamos em tentações
De sites falsos ou duvidosos
E livrai-nos do mundo real
Amém

Conheça a história de Alan Turing, um gênio injustiçado da matemática

PUBLICADO POR Redação Warren Alan Turning Se hoje temos acesso a computadores e às inovações da inteligência artificial, um dos grandes resp...